Por Ederivaldo Benedito -Bené 4m6z46
Em meio a Itapedro, “paredões” e sons de barzinhos, Zélia Lessa completa 99 anos de existência nesta quinta-feira, dia 12. Apesar da maestrina Itabunense ser considerada uma das mais importantes municistas da Bahia, a data não constou de nenhuma programação cultural do município, mas foi marcada por um encontro informal, organizado pela atriz e produtora cultural Eva Lima.
A homenagem Zélia ocorreu no final da tarde desta quinta-feira, dia 11, em sua residência e sede do Coral Cantores de Orfeu. Os amigos, iradores e ex-alunos Adilson Lima Machado, Ederivaldo benedito-Bené, Kléber Torres, Paulo Lima, Pingo Grapiúna e Vera Rabelo foram recepcionados pelos seus filhos Kayne, Irina e Ícaro Lessa.
Considerada um verdadeiro patrimônio cultural Itabunense, Zélia Oliveira Lessa – filha de Cherubim de Oliveira, um dos pioneiros da lavoura cacaueira no sul da Bahia, e sobrinha-neta de Firmino Alves, um dos fundadores de Itabuna – nasceu no município em 12 de junho de 1926. Formada em regência e direção musical pela Universidade Federal da Bahia, em 13 de setembro de 1955, criou o projeto cultural “Os Cantores de Orfeu”, juntamente com as colegas professoras de música Célia Vita, Gladys Almeida e Wanda Oliveira.
Ao longo de sete décadas de trabalho contínuo, o coral formou mais de cinco mil alunos. Durante esse período, a professora Zélia sempre se dedicou à pesquisa musical, trabalhando com adultos e pessoas da teceria idade. Também incluiu adolescentes e crianças, descendentes dos coralistas, resultando na formação do coral infantil “Os Verdinhos”.
Zélia Lessa é autora da “Rapsódia Grapiúna”, considerada a principal obra coral cênica Itabunense. Concebida em parceria com Edson José Oliveira e Plínio de Almeida, a sinfonia – que aborda mais de cem temas sobre o folclore da região cacaueira baiana – é dividida em três partes, com uma abertura para coro misto e quatro vozes e acompanhamento de piano, sopro e percussão. A segunda e a terceira partes reúnem peças do folclore regional propriamente dito, com temas colhidos pelos pesquisadores, no período de 1926 a 1992, com diversos bis, chulas, rodas, inselenças, rezas, samba, relaxos e cantos de trabalho da lavoura do cacau.
Por meio de uma municipal de 2023, “Os Cantores de Orfeu” foi reconhecido como “Patrimônio Cultural Imaterial da Cidade de Itabuna”. Além da “Rapsódia”, criada a partir de cantigas dos trabalhadores da roça de cacau, o coral tem outras produções que celebram a cultural, os personagens e a história do município.
Viúva do professor e médico pediatra Alberto Lessa – ex-secretário de Saúde, construtor do Lactário Izolina Guimarães e um dos fundadores dos hospitais Ipepi e São Lucas – a maestrina foi homenageada há quarenta anos, durante o governo Ubaldo Dantas, com um espaço que leva o seu nome. O local tinha um objetivo: preservar a cultura Itabunense e fomentar as manifestações artísticas no município.
Hoje, no entanto, a “Sala Zélia Lessa” está fechada, sem nenhuma atividade. O local encontra-se totalmente abandonado. O espaço é localizado na praça da Bandeira, no centro da Itabuna – principal município da região sul da Bahia, que no próximo dia 28 de julho completa 115 anos de emancipação.